Actividade 1 – «As minhas vivências, a formação, o trabalho
e a justiça social» 
 

 
A actividade 1 compreendeu um trabalho individual e um de grupo.

O trabalho individual tinha como objectivo que cada um relacionasse a sua experiência com os três conceitos chave da Unidade Curricular, sendo estes conceitos: Trabalho, Formação e Justiça Social. A finalidade desta reflexão individual consistia então em definir estes conceitos e assunções inerentes e, portanto, foi uma actividade que nos colocou a pensar e a reflectir sobre eles. É importante referir que este trabalho também tinha como objectivo que tivesse-mos um primeiro contacto teórico com esses conceitos.

A tarefa que nos foi incumbida para o trabalho de grupo foi que confrontasse-mos as diferentes experiências e delas retirasse-mos em grupo a definição de Formação, Trabalho e Justiça Social, para posteriormente a partilharmos com o grupo-turma.

Assim, após reflectir sobre os três conceitos, o grupo concluiu que trabalho pode ser considerado a vários níveis, pode ser um trabalho que implica uma remuneração, um cumprimento de horário, que exige empenho e responsabilidade e que requer uma prestação de serviços mas também pode ser um trabalho académico (por exemplo) que exige também empenho e responsabilidade. A formação pode ser académica, profissional ou até mesmo informal, ela é algo continuo ao longo da vida, ou seja, o ser humano está em constante formação e, portanto, consiste num constante enriquecimento e/ou aperfeiçoamento. Por fim, o conceito de justiça social é um conceito ambíguo e que difere de pessoa para pessoa, na medida em que cada um tem o seu próprio conceito de justiça. É um conceito relacionado com a igualdade e com o facto de todos termos direitos e deveres.

A última parte desta actividade foi partilhar em grande grupo (grupo-turma) as definições a que cada grupo chegou. Este debate foi importante, pois permitiu-nos ver diferentes pontos de vista sobre os mesmos conceitos. Esta partilha de opiniões é essencial para o enriquecimento da nossa formação.


Anexos – actividade individual

Reflexão individual do Carlos Serqueira

Para iniciar a minha reflexão sobre a imagem que tenho sobre trabalho, formação e justiça social, vou pegar numa situação que ocorreu na minha vida, mais concretamente uma situação de trabalho de verão, numa A.T.L.Trabalhar num A.T.L., com crianças e jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 15 anos, requer de nós, uma certa formação de modo a que consigamos dar resposta às exigências constantes das necessidades das crianças. Não tendo eu qualquer formação académica a este nível, pensava que me iria ser difícil dar a melhor resposta a estas crianças e jovens. Não sendo o primeiro ano em que eu trabalhei numa situação como esta, dei por mim a reviver experiências anteriores e a tomá-las como parte integrante e fulcral no meu papel como dinamizador de actividades de tempos livres. Aqui constato que a minha experiência pode levar a que o trabalho em questão, ou outro qualquer, possa ser produtivo, mesmo sem uma formação académica neste ramo.Com a experiência que adquiri em anos anteriores, consegui, talvez não tanto como se tivesse uma formação académica, onde iria adquirir saberes mais teóricos que me levariam a uma eficiência maior, levando a cabo um trabalho e uma presença importante no tempo em que as crianças e os jovens estavam na A.T.L.Apesar de não ter qualquer tipo de formação académica, fui contratado, tendo recebido uma certa quantia. A questão que coloco no sentido da justiça social é que será justo ser contratado, mesmo podendo fazer o mesmo trabalho, mas tirar a possibilidade de um graduado ter a oportunidade de por em prática os conhecimentos adquiridos durante todo o tempo de estudo.

Reflexão individual de Joanna Jankos

Sendo uma estudante de um pais tão diferente de Portugal, como é a Polónia, é natural que as minhas concepções relativamente a estas três questões sejam um bocado diferentes.   Os dois campos que formam e orientam  a minha reflexão sobre o nosso tema são: a teoria e a prática.
A formação é para mim tudo o que se faz  e que contribui para me desenvolver no campo dos meus estudos e também na minha vida diária. Dois diferentes níveis da nossa vida: profissional e individual abordam as questões da formação. Estamos a formar-nos sempre, cada dia, no trabalho, na universidade, na rua, em casa, na conversação com outras pessoas, vendo televisão, escutando rádio, lendo o jornal, etc. A formação é sempre contínua, desde o dia do nascimento até o dia da morte.
O trabalho pode ser visto de diferentes maneiras. Principalmente, tem que ser ligado com a formação. Tanto na vida de um/uma empregado/a como na vida de um/uma estudante. A formação tem como o seu objectivo preparar-nos para um futuro trabalho. Na área académica o conceito do trabalho percebe-se como tudo o que um estudante está a fazer para realizar uma tarefa numa disciplina. No âmbito académico, o trabalho é também o conjunto de estágios feitos pelo estudante para assim ganhar mais prática na sua profissão.
A justiça social é tudo aquilo que faz que toda a gente tenha os mesmos direitos e que seja igual perante a lei. O conceito da justiça social é, na minha opinião, o conceito mais amplo e envolve os outros conceitos. A justiça social permite organizar a sociedade e organizar a nossa vida como um colectivo tratando como seu princípio a igualdade e o bem-estar de todos.

Reflexão individual da Sandra Santos

No que concerne à questão da formação, esta pode ser entendida, na minha opinião, como algo que está subjacente a toda a nossa vida. Nós estamos constantemente em formação, seja a nível de formação académica, a nível de formação profissional ou até mesmo a nível informal. Fazendo a ligação deste conceito com a minha experiência de vida, evidencio a entrada na universidade e o percurso feito até então, como sendo o ponto mais alto da formação que tive até ao momento. Não é que o percurso realizado até ao 12ºano tenha sido menos importante, apenas foi diferente, pois se até aqui o objectivo era obter uma média, depois com a entrada na universidade passou a ser a aquisição de competências e habilidades para desempenhar uma profissão no futuro. E obviamente que nos dois casos há formação.No que diz respeito ao conceito do trabalho, na minha opinião ele é muito alargado, no sentido em que abrange imensa coisa, nomeadamente a prestação de serviços através, por exemplo, de um emprego; os próprios trabalhos académicos, ou seja, a condição de estudante também está incluída na categoria “trabalho”; entre outros aspectos.No que respeita à experiência que tenho, como estudante penso que é um conceito que se adequa a todo o percurso escolar que realizei. A nível profissional tive muito poucas experiências até ao momento, sendo a mais longa de uma semana apenas. Por fim, o conceito de justiça social que, a meu ver, está ligado aos direitos de cada cidadão, assim como à igualdade de oportunidades para todos. Este conceito é um conceito bastante relativo, na medida em que ele difere de pessoa para pessoa, ou seja, cada um de nós tem o seu próprio conceito de justiça e age conforme ele.

Reflexão individual do Tiago Teixeira

Associo à ideia de trabalho facto de ter uma ocupação manual e/ou intelectual, mas também considero trabalho o decorrer da própria acção manual e/ou intelectual. Nestes termos vinculo a posição fulcral do modo como se trabalha, como se produz mas também o modo como ele é manifestado e acabado no formato de produto final (possivelmente constantemente inacabado). O facto de ter trabalhado numa empresa como operário e depois como auxiliar de armazém permite-me entretanto, justificando com a experiência vivenciada, considerar que não só existem modos de diferentes de operar/trabalhar tendo em vista o mesmo produto, mas também modos heterogéneos de realizar trabalho homólogo.Considero porém que o trabalho não tem necessariamente de corresponder à ideia de lavoura, podendo inclusivamente corresponder à heterogeneidade/diversidade de realizar o pensamento, que nos trará a meu ver, um enriquecimento intelectual e um enriquecimento da própria sociedade. Para isto é necessário desconstruir significados, hábitos e rotinas de forma criativa que nos permitam elucidar sobre diferentes modus operandis e diferentes produtos finais pertinentes. Tenho em mente como exemplo as diferentes formas de apropriação das vivências quotidianas e formas de viver, e também diferentes formas de apropriação do conhecimento académico (ex.: universidade) e diferentes de formas de se realizar um produto que não sendo final (considerando que o conhecimento científico é produto constantemente inacabado) poderá se revelar absolutamente pertinente, esclarecedor e inovador.A formação parece estar relacionada com a conjugação do verbo ser, na medida em que nos vamos formando ao longo da vida à medida que vamos “sendo” pessoas. Considero o ser humano um ser antropologicamente inacabado e em constante procura do aperfeiçoamento. Desta forma, julgo que um ser humano está em constante formação enquanto vive, dependendo esta formação de múltiplos factores circunstanciais, biológicos, psicológicos e sociais. Do ponto de vista social, considerando que vivemos em sociedade, a relação que temos com o reconhecimento social leva-nos a organizarmo-nos em suportes e formatos que nos garantam informações e qualidade nas trocas sociais. Revela-se o currículo certificado e socialmente aceite como um dispositivo que nos possa assegurar de modo possível a necessidade de confiança. Todo o meu percurso escolar revela-se neste sentido, não descurando a estimulação de cognições e formas de viver melhor a nível pessoal e social. Não considero que alguém que acumule mais certificados seja mais importante do que outro como vida humana. Reconheço porém que a organização humana é dada às questões do reconhecimento e mérito diferenciado.O termo justiça é, já em si, um conceito muito ambíguo e inerentemente um conceito relativo. Quando falamos em justiça social ainda mais relativo se torna este conceito. A justiça social, que surge amplamente ligada ao conceito de trabalho, será aquilo que garanta de alguma forma um sistema que beneficia os que, num contexto sócio-cultural específico conseguem, na maior parte das vezes pela via do trabalho, ter uma vida condigna em termos de condições de sobrevivência bem como em termos de nível de bem-estar. Não obstante tem-se constatado que a justiça social tenta abranger também as pessoas que, derivado a várias circunstâncias, muitas vezes consideradas vítimas de um sistema (tal como o capitalismo), não têm condições de vida consideradas condignas à vida humana. Procura-se então estabelecer com a justiça social um meio de organização humana que promova o bem-estar humano.