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                         Actividade 6 - «A experiência do adulto e a credenciação de saberes»


Nesta sessão o Professor começou por nos propor uma actividade. Desta feita prosseguiu com a respectiva explicação da mesma.

Foi-nos então solicitado que cada um dos discentes realizasse escrevesse um incidente crítico para ser lido em voz alta para a turma e para ser debatido em grupos. Ora, foi pertinente esclarecer de facto, o que trata e o que se trata num incidente crítico.

O incidente crítico trata-se de uma descrição escrita, breve, elaborada pelos aprendentes de aprendizagens que considerem significativas.
O exercício a ser realizado era, através dos incidentes críticos, retirar e analisar assunções sobre boas práticas no trabalho académico. Assunção como um conjunto de ideias dadas como adquiridas, de certo modo óbvias que dirigem os nossos pensamentos assim como os delimitam.Após este enquadramento passamos então para a realização do primeiro exercício proposto que era escrever, de uma forma descritiva, um momento do passado-recente que reportasse na consideração de cada um, uma aprendizagem significativa, um momento em que se possa dizer que se aprendeu, que se tenha tido um momento bem sucedido do ponto de vista académico.Após a realização do incidente crítico e da sua leitura deu-se então a discussão em grupo em torno de indicar e avaliar incidentes considerados significativos pelos elementos do grupo relativamente aos incidentes críticos dos restantes elementos.

De alguma forma era também suposto a partir daquilo que considerávamos significativo nos relatos dos colegas, descortinar alguns sistemas de valores que subjazem o que consideram significativo na aprendizagem. Numa das situações a significância foi atribuída às práticas pedagógicas dos docentes relativamente aos discentes tendo em vista o domínio da motivação destes para continuarem ou melhorarem bons resultados, diga-se de classificação avaliativa.
Noutra situação fazia-se a referência a um trabalho de projecto que, não era considerado de alta qualidade por quem o realizou, mas após uma boa nota de avaliação e do reconhecimento da docente responsável, percebeu que tina realizado um excelente trabalho.

Ora vejamos que neste caso tratou-se do reconhecimento de uma autoridade no assunto, da qual a discente atribui a partir daí que tinha realizado uma aprendizagem e um trabalho realmente significativo e de sucesso no domínio académico.
Num outro incidente crítico de outra colega, fez-se referência aos processos e metodologias de trabalho adoptados num trabalho de grupo em que se considerou que houve um enriquecimento de trabalho e de aprendizagens por se conseguir mesclar aquilo que é o trabalho individual dentro do grupo com o trabalho colectivo de reflexão, debate e organização de várias perspectivas.

Tendo atribuído relevância aos métodos de trabalho, conseguimos deduzir que este facto pressupõem determinados sistemas de valores de trabalho e de aprendizagens, nas quais se consideram significativas quando o resultado/produto se considera bem sucedido por se ter conseguido organizar formas de construção e partilha.

Por fim, no que diz respeito aos incidentes críticos do grupo, fez-se referência ao facto de não se dominar determinados tipos de conhecimento e considerá-lo complexo e, após aprofundamento e atenção à discussão de quem dominava de certo modo esse dito conhecimento em determinada área conseguiu de facto perceber, intervir e conhecer esses domínios.

Deu-se significância também ao facto de, paralelamente ao processo de trabalho e aprendizagem realizados haviam também outras prioridades. Então foi dado como relevante ter-se conseguido conviver com várias prioridades. Vemos aqui nesta situação que é dada a importância ao domínio do conhecimento, procurando saber, dando-se como bem sucedida a situação de aprendizagem quando de alguma forma já se consegue trabalhar naquele tipo de domínio do conhecimento.
De uma forma geral, já em turma, constatamos que geralmente, ainda que muitas vezes inconscientemente, estamos imbuídos de certos pré-conceitos estruturantes que influenciam de facto a nossa forma de avaliar e agir quotidianamente.

Estes pré-conceitos, pelo menos no que diz respeito ao domínio académico, têm muitas vezes que ver com aquilo que é considerado comummente como valorizado, válido e reconhecido, tal como é exemplo a avaliação como classificação e o estatuto que gozam certas posições e figuras na sociedade.
 
Ora, estas assunções, na nossa perspectiva funcionam quase como que uma vanguarda conservadora de valores e sistemas de valores numa determinada área, que inevitavelmente acaba também por se disseminar pelo pensamento comum na sociedade.
Percebemos que de facto, com o incidente crítico como ferramenta pedagógica, fazemos uma abordagem fenomenológica, uma espécie de aproximação às coisas em si, partindo do específico para o geral. Assim, podemos ter a oportunidade de desocultar alguns meios e processos de veiculação de valores, e também de partir do conhecimento que cada indivíduo tem para a partir daí trabalhar e organizar conhecimento.

Desta forma as aprendizagens podem tornar-se com sentido e com significado para os aprendentes. Como se sabe, nomeadamente quando nos referimos à educação de adultos, uma das questões que se coloca é de que forma os aprendentes adultos, que muitas vezes não se reviram por variados motivos numa cultura escolar, podem aprender motivados. O que a experiência e alguns autores nos têm dito é que, particularmente e principalmente na educação de adultos a aprendizagem com sentido é fundamental, e torna-se muito enriquecedor e vantajoso trabalhar a partir do conhecimento provindos da experiência de vida que os adultos já têm, estabelecendo um processo de aprendizagem e de reconhecimento muito mais atractivo para o aprendente e desafiante para o docente/formador.
Numa época como a que hoje vivemos, em que a educação de adultos tem sido crescentemente concorrida e, o conceito de educação permanente ou ao longo da vida se torna cada vez mais patente é necessário e pertinente, de facto, trabalhar cada vez mais este tipo de metodologias pedagógicas.

Constitui assim um constante desafio para o aprendente, o docente/formador e coaduna-se com uma realidade em que a mudança é cada vez mais rápida e, as competências sociais e psicotécnicas de adaptação e ultrapassar desafios inesperados são cada vez mais valorizadas, pertinentes e úteis no sentido mais lato.


«A experiência do adulto e a credenciação de saberes»
Polónia 

Na actividade 6, como já foi referido anteriormente, foi nos pedido que escrevessemos um incidente critico sobre uma situação de aprendizagem significativa para nós. Na Polónia, nas varias disciplinas de área de Pedagogia (Ciências de Educação e também Psicologia) é pedido aos alunos, uma vez per semestre, para escrever o seu incidente critico para, de esta maneira, observar o seu desenvolvimento. No entanto, o incidente critico que nós fazemos na Polónia é um pouco diferente pois para além de termos que escrever sobre uma situação positiva e significativa, também temos que escrever sobre uma situação negativa que deveria ser mudada. Depois, cada professor fica com o incidente dos alunos e  para o próximo ano pode trocar ideias.

Anexo – Incidente crítico

Incidente crítico Carlos

Estava no 12º ano e tinha como disciplina para ingressar no ensino superior Português B.

As minhas notas eram relativamente boas, sempre rondando o 14 e o 15, mas a professora não me dava (desde o 10º ano) notas mais altas que 13. Eu bem podia argumentar mas não conseguia com que ela me subisse a nota, mesmo eu, sendo um aluno assíduo, pontual, que não perturbava e intervinha, não muito mas fazia bem todo aquele papel que se espera no ensino secundário e ela apoiada na ideia de ter medo que eu me colocasse à sombra da bananeira. Nesse ano eu pensei que a melhor forma de ela me entender e de dar razão, era o Exame Nacional. Bastava-me tirar uma nota que correspondesse as que eu tirei durante todos aqueles anos.

Finalizado o exame tive como nota 17 valores, sendo das mais altas da minha turma, o que deixou a minha professora bastante surpreendida e a mim bastante radiante. Passado uns tempos, eu e a professora encontramo-nos, onde me deu os parabéns.

Incidente crítico Joanna Jankos

Na Polónia, na minha universidade, estou a tirar o curso da Animação Sócio – Cultural. Este curso prepara-nos para trabalhar em centros da animação, centros educativos, centros de preparação de eventos e festivais.

O meu "momento alto" no qual me sentei bastante satisfeita e preenchida foi quando, depois de uma disciplina do "ensino de preparação de projectos", consegui escrever um projecto de um festival histórico para a minha cidade.

A professora avaliou-me muito bem e aconselhou-me a enviá-lo para o departamento de cultura da cidade. Depois de duas semanas, este departamento disse-me que já tinha lido o meu projecto e que o gostava de realizar.

Este momento foi o momento em que pensei que "é por isto que vale a pena".

Incidente crítico Sandra Santos 

Tratou-se de uma reunião para esclarecimento de dúvidas em relação a um texto a apresentar. Esta reunião envolveu uma professora e três alunas e aconteceu recentemente na faculdade.

Este acontecimento foi importante na medida em que nos permitiu uma discussão em grupo sobre o texto e por conseguinte sobre as dúvidas que ele nos suscitava. Foi um momento de aprendizagem mútua, isto porque nos facultou um maior aprofundamento e esclarecimento sobre o texto que tínhamos que apresentar.

A reunião foi também importante porque primeiro houve um trabalho e/ou discussão em o grupo sobre o texto e posteriormente uma discussão do texto entre o grupo e a professora. Estas discussões conjuntas foram muito importantes para nós porque nos permitiu ouvir várias interpretações sobre um mesmo assunto e também que passasse-mos a ver as coisas com outra perspectiva.

No final da reunião senti que realmente tinha sido um momento bastante produtivo e que o texto tinha ficado mais claro. 

Incidente crítico Tiago Teixeira

O acontecimento que reporto é um acontecimento que decorre de várias reuniões da Comissão Estatutária da FPCEUP. Esta comissão foi eleita e dela fazem parte quatro elementos representantes dos estudantes, um elemento representante do pessoal não docente, oito elementos do pessoal docente numa distribuição paritária entre os cursos de Ciências da Educação e Psicologia e o director de serviços da FPCEUP. Esta comissão, da qual eu fazia parte, estava incumbida de elaborar e aprovar os estatutos da FPCEUP de acordo também ao que são os estatutos da UPorto. Esta comissão iniciou actividade em Setembro com reuniões semanais tendo acabado o seu trabalho em Novembro.

De início e, depois de ter tentado estudar este tipo de normativos estatutários, sentia-me um pouco perdido nos assuntos que nos traziam o trabalho da comissão estatutária. Ao longo das várias reuniões comecei-me a ambientar aos temas a tratar. Tratando-se de reuniões semanais e, de duração de várias horas, por vezes de manhã e de tarde, foi para mim gratificante a elaboração e a aprovação dos estatutos dentro dos prazos estipulados e após de intensos debates que se tornaram enriquecedores em vários domínios. 

Senti que aprendi imenso, que participei de algo complexo e que serviu amplamente para oi enriquecimento das minhas competências, permitindo-me também desenvolver algumas competências do foro mais prático-organizativo. Como disse a Presidente da comissão estatutária, conseguimos fazer daquele assunto uma prioridade a conviver com outras prioridades. Tornou-se uma realidade muito clara para mim.