Actividade 3 - «Inserção profissional dos jovens: do valor social da “qualificação” ao valor económico da “competência”»


O objectivo geral da actividade 3 era que cada grupo respondesse à seguinte questão “O que prevalece como mais determinante no processo de inserção? A qualificação ou a competência?”. A cada grupo de trabalho foi incumbida a tarefa de defender uma das posturas em causa, ou seja, de defender a qualificação ou a competência.

Em primeiro lugar, importa falar um pouco dos conceitos de inserção, qualificação e competência. A inserção é, segundo Henrique Vaz, «um processo socioprofissional»[1][1].

Assim, podemos falar de uma inserção social que tem como factores a necessidade de existência de habitação, de tempo livre, de assistência à saúde, de acesso à justiça e à prevenção da delinquência; e de uma inserção profissional, que não se circunscreve à simples relação entre formação e emprego, pressupondo que haja um projecto pessoal e um projecto profissional
[2][2].

Segundo Costa «o conceito de competência, assim como o de qualificação, surgiu no contexto de intensos debates que pretendiam lançar luz sobre a forma e sobre o conteúdo do trabalho do mundo fabril no capitalismo avançado»  (2007:129).

A qualificação «pode ser influenciada por aspectos sociais, culturais, políticos e económicos (sistema de formação e de valores, mercado de trabalho) que variam no tempo e no espaço» (Costa. 2007:139).

«O conceito de qualificação, está intimamente ligado ao domínio de um ofício – quer dizer, à combinação de conhecimentos de materiais e processos com a destreza manual dada pela prática, necessária para levar a cabo um processo específico de trabalho» (Baverman cit. in Correia, 1996:18).

A qualificação profissional aparece «no cenário contemporâneo como um elemento importante na composição dos factores que regem a competitividade dos países, das organizações e dos indivíduos” (Arruda, 2000:25). Ela também é importante na preparação do cidadão para o mercado de trabalho através de uma formação profissional.

A competência, segundo Costa, é um «conceito ainda em construção» (2007:138). Trata-se de «uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa»
[3][3], onde está relacionada com um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que a pessoa tem e que justificam o seu bom desempenho. A competência está relacionada com o desempenho de uma pessoa na realização de uma tarefa. «As competências são relativas, porque dependem da maneira como são vistas e reconhecidas socialmente, mas também são reais, pois podem ser caracterizadas por um tipo de saber» (Stroobants, 1994 cit. in Costa, 2007:133).

Esta actividade dividiu-se em quatro partes: primeiro foi necessário um trabalho autónomo de interpretação da informação distribuída e preparação da actividade; segundo foi pedido que os grupos que defendiam a competência se juntassem, e o mesmo aconteceu para os defensores da qualificação; terceiro foi o momento do debate; e quarto, foi realizada uma síntese pelo grupo responsável pela observação.

O nosso grupo inicialmente ficou com o papel de observador crítico da apologia da maior relevância da competência, ou seja, tinha como tarefa observar os argumentos apresentados pelos grupos que apresentaram a competência para no final fazer a síntese do que eles disseram. Na ausência do grupo responsável pela observação crítica da apologia da maior relevância da qualificação, acabámos por ficar com os dois papéis. No fundo, o que tivemos que fazer foi observar o debate e comentar e sintetizar no final o trabalho realizado pelos colegas.

Foi interessante assistir ao debate sobre os dois conceitos e perceber que realmente ambos são importantes e imprescindíveis. Foi igualmente enriquecedor a oportunidade de ouvir e/ou observar os diferentes pontos de vista. Foi uma discussão bastante produtiva e bastante renhida, na medida em que ambos os grupos defenderam muito bem a sua tarefa.

Tendo em conta a observação que fizemos e os apontamentos retirados podemos dizer que as ideias principais apresentadas em relação aos dois conceitos foram as seguintes:

Ideias essenciais da Competência:

Versatilidade e competência dos trabalhadores. A sociedade e o mercado de trabalho exigem cada vez mais trabalhadores versáteis e flexíveis;

Traduz-se num conjunto de conhecimentos teóricos e práticos e habilidades pessoais que são inerentes ao trabalho e que são necessários para a realização de determinada tarefa ou função;

Conhecimentos e capacidades, no sentido de se conseguir realizarem trabalhos;

Não basta ter capacidades cognitivas, têm de se ter competência ao nível verbal, de escuta, de pensamento e social;

A competência é algo que se desenvolve. É aquilo que eu desenvolvo, que eu tenho. Tem uma componente pessoal, teórica, técnica, não só aquilo que foi outorgado;

Para se ser competente não é necessário ter uma qualificação, mas para se ter qualificação tem de se ter competência;

Pessoas com muitas qualificações é capaz de trabalhar em equipa mas para isso precisam de competências;·        Podemos ter muitas qualificações mas não sermos competentes;

A competência é transversal;

A qualificação e a competência não se dissociam, mas a qualificação é formalizada através da competência, ela parte da competência que as pessoas têm para mobilizar os saberes. Podemos desenvolver um trabalho sem termos qualificações se tivermos competência;

Se não formos competentes, com qualificações apenas não vamos a lado nenhum. 

Ideias essenciais da Qualificação:

No início de 1990 dá-se um crescimento da frequência do ensino superior e pós graduações;

Desfasamento entre o ensino e a competência profissional;

Fragilidade das competências face ao mercado de trabalho;

Lógica do mercado através da justiça social: trabalho – remuneração;

O que interessa é a qualificação, sem esta não nos conseguimos afirmar. Pois não tendo nada escrito que comprove a nossa competência, nada nos confere essa competência;

Qualificação como meio de maior inserção no mercado de trabalho e como fonte de mais oportunidades;

A qualificação como simplificação dos conhecimentos e das competências;

Deram o exemplo das novas oportunidades, como reconhecimento e avaliação das competências. Como o comprova a frase da Gisela: “Qualificação é uma certificação e validação das competências”;

Como não vivemos isolados, as empresas têm cuidados e regras a nível da qualificação e de diplomas;

A remuneração do pessoal que é qualificado é mais elevado logo a tabela salarial também é mais elevada;

“Existem pessoas que trabalham e têm muita competência, mas quem ensina é uma pessoa com qualificações” sendo mais ou menos competente.

[4][1] Retirado do acetato de apoio à aula.

[5]
[2] Ibidem.

[6]
[3]Retirado de http://www.anpad.org.br/rac/vol_05/dwn/rac-v5-edesp-mtf.pdf, 27/12/09 às 20:34.
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 «Inserção profissional dos jovens: do valor social da “qualificação” ao valor económico da “competência”»
Polónia

Na actividade 3 a turma dividiu-se em vários grupos para debater as questões de competência e qualificação. Esta actividade foi importante e enriquecedora porque permitiu ao grupo ouvir diferentes opiniões sobre os conceitos e, consequentemente, reflectir sobre eles na reflexão sobre esta actividade. Sendo estudante Erasmus, esta actividade, para mim, foi das mais complicadas de perceber, muito pela forma como ocorreu o debate. Senti realmente algumas dificuldades em compreender e acompanhar o que os colegas diziam. Apesar de tudo, considero que foi muito interessante e positivo ter a oportunidade de participar nesta aula.

As questões de competência e qualificação são entendidas na Polónia de forma muito semelhante ao que acontece em Portugal. Assim, o conceito de "competência" está ligado com o conceito de "trabalho", e consequentemente, o conceito de "qualificação" está ligado com a "formação".

Nas aulas na Polónia definimos a "competência" como o conjunto de conceitos e saberes (em teoria e prática) que estão ligados com um trabalho concreto ou com uma tarefa pendente para realizar. É por este motivo que a competência é definida como a inserção no mercado do trabalho.

O conceito da "qualificação" na Polónia é entendido da mesma maneira que em Portugal. Este conceito está relacionado com o campo da formação e, portanto, é muito importante para a preparação da vida profissional e para a inserção no mundo laboral.